
Seguindo o som da sua voz me avocando.
A dobradiça cuspiu o pó da ferrugem
E senti em meu rosto a lufada da madrugada.
Os pedregulhos uniram-se à sola dos meus pés,
Os pelos de meus adormecidos braços eriçaram-se
E um clarão no horizonte me puxou
Para dentro da incógnita escuridão.
Como um canto de Lorelei,
O encanto me guiou pelo caminho da mata;
Eram como acordes fantasmagóricos
Reverberando estridentes em meu âmago.
Os galhos das árvores dançavam,
As folhas estapeavam minha face
E a luz do lampião dobrava
A cada passo que eu dava em direção ao chamado.
As cigarras produziam uma estrídula sinfonia,
As corujas assustadas giravam suas cabeças,
Uma nuvem de pirilampos me envolveu
E fui içado por uma miríade de luzes multicoloridas.
Meus pés perderam o chão,
O lampião caiu,
E de dentro do bulício de asas,
O seu gemido ainda era audível
Como uma melodia ininterrupta.
Levado até o alto do morro,
Fui abandonado ao seu encontro.
Um vulto de névoa prateada,
Cintilante como o brilho da água à luz da lua,
Materializou-se diante de mim.
Chamava-me sem mover os lábios,
Suas vestes moviam-se como asas
Enquanto abria os braços pedindo um abraço meu.
Ela se afastou clamando-me com as mãos,
Parti indefeso na sua direção.
Guiado pelos seus espelhados olhos,
Nem mesmo pestanejei.
Rodrigo Moura © Todos os Direitos Reservados
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