Na fonte dos mares
ofereço uma moeda
e exprimo um pedido:
“Resgate-me do dilúvio.”
Norteio-me enlevado
pela chama dos teus faróis,
navego até a costa
e ancoro em tua luz.
Eclodem-se as areias
no deserto das miragens.
tua efígie me sacia,
reanima a boca seca.
Sob o sol escaldante
tua brisa me afresca,
minha pele refaz-se
na tua paz em mim.
Nas trilhas rotundas
da floresta de espinhos
sigo com tua bússola
cravada em meu peito.
Caminho nas trevas
trajado com a tua força,
cicatrizam-se os cortes
antes de o sangue verter.
À beira do abismo
agarro-me em tuas rochas.
Entrego-me a ti
esperando não
despencar.
Um eclipse ofusca tua luz;
a paz se conturba,
a força evanesce.
o infinito me devora.
No vale onde as almas
mitigam-se com o sabor
dos sobejos lançados
no martírio do silêncio,
uma suspeita anuncia
a infeliz certeza:
tenho mais uma moeda,
esperarei o eclipse passar.
Rodrigo Moura © 2013 Todos os Direitos Reservados
2 comentários:
Belíssima obra, Rodrigo!
Cheia de imagens poéticas, nos prende até o final, criativa ao extremo, uma das melhores que li por aqui!
Grande abraço e sucesso!
Valeu, Evandro!
Muito obrigado.
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